Atualmente, a grande maioria das pessoas mudou de vida, de hábitos, de jeito de ser, de pensar e sentir quando decidiram participar das Redes Sociais – a grande novidade deste novo século.
Podemos verificar esta realidade em muitos ‘desabafos’, que se traduzem em sentimentos de rejeição e de depressão que tomou conta, e vem aumentando entre os adeptos das redes sociais, a cada dia. O depoimento que apresento a seguir (com a devida autorização da pessoas em causa) representa o sentimento de uma grande parte das pessoas que hoje participam do Facebook e outras redes sociais.
“Nessa coisa de estar sempre “ON”, eu penso ‘Sempre ON no quê?’ Estamos sós, sentados em algum lugar, atravessando a rua, pegando um metrô usando cinco, seis , tantas redes sociais e não estamos vendo o tempo passar, a vida ir… Não existem mais ‘pessoas’ , apenas avatares…, com discussões agressivas, ofensas, alfinetadas as vezes até cruéis…, estamos no nosso ápice do pior de nós mesmos sendo expresso aqui nessa ‘page’ legal e azul do Facebook… Deu meia noite e a gente não dorme. Porque talvez alguém ainda tenha um “like” sobrando, talvez ainda tenha alguém querendo ver minha foto nova, meu status de gente perfeitinha. Mas de repente, somente assim meio do nada, exista alguém sentado numa calçada, chorando enquanto olha o celular e mais ninguém está ali… A vida é algo de dentro pra fora, o facebook virou a vida de fora para dentro. Nos tornamos extremamente estressados quando falamos com quem gostamos pelo facebook… porque , na realidade, a gente tá frustrado com tudo isso e nem tem ideia de qual a verdadeira razão disso…”
Muita coisa mudou e vai continuar mudando. Somente uma coisa é certa – Somos NÓS que fazemos nossas ‘escolhas de vida’. E se é assim, por que temos escolhido emprestar à nossa Vida, apenas ‘tons cinzentos’, em vez de colorir nossos momentos com cores vibrantes? Até mesmo o Branco e o Preto têm mais personalidade do que os tons de cinza. Entretanto, parece-me que os tons de cinza andam predominando na vida das pessoas deste século, mesmo sendo eles tão ‘mornos’, tão ‘apagados’, tão… Depressivos.
Será porque são essas tonalidades de Cinza as únicas que conseguem exprimir como as pessoas estão se sentindo diante das tantas e tão rápidas mudanças com as quais a Humanidade tem sido bombardeada? São explosões de Inversão de Valores Humanos, Tsunamis de Consumismo, de Ganância, de desrespeito à Vida e a Princípios até então respeitados e comemorados, que agora têm seus espaços ocupados por palavras e atitudes de Agressão psicológica, física, moral…, transformando a essência da nossa Sociedade Local e Global em um ‘Lixão contaminado’ que está acabando com a Saúde Física, Mental e Emocional em qualquer lugar do planeta onde existam seres humanos.
Por que tais comportamentos de Anti-Valores estão ganhando tanto espaço na vida das pessoas? Quem os incentiva e comemora? E por que Seres Humanos que têm liberdade de escolha, aceitam ser ‘manipulados’ dessa forma?
Se hoje as coisas chegaram no nível de ‘descaso’ em que estão, até pelos sentimentos do outro…, cabe a VOCÊ (mulher ou homem), deixar de lado as lamentações que só servem para deprimir você mesmo (a) e quem está ao seu lado, deteriorando as , e tentar consertar isso.
A sociedade que queremos deixar para os nossos filhos e netos depende da qualidade dos relacionamentos que estamos construindo, mostrando, ensinando às novas gerações, seja na família, entre amigos, no trabalho. Se estivermos bem com quem está próximo de nós, vamos conseguir tratar com respeito as pessoas que encontramos nas ruas, no trabalho, na escola, em todo lugar.
Na minha percepção, as possíveis causas que têm levado as pessoas a se identificar (e buscar), mesmo inconscientemente, emoções negativas que as leva a ‘cobrir suas vidas de tons de cinza’ e entrar em depressão, em lugar de viverem experiências positivas que lhes traga satisfação e felicidade, vão além de uma ‘relação sentimental ou afetiva desprovida de ‘entusiasmo’. Estão no ‘como as pessoas reagem’ diante de suas frustrações afetivas, sentimentais e profissionais, bem como na capacidade de criar e recriar seu cotidiano, sua vida, com objetivos pessoais de realização que independem se a pessoa é, ou não é, ‘amada’ pelos ‘outros’, mas sim, do quanto é forte seu amor por si mesma e pelos que estão a sua volta e necessitam da sua presença para se fortalecerem. Você não precisa ter pessoas ‘grudadas’ o tempo todo em você para se sentir Fortalecida. Isso é ‘dependência’ e não é bom para ninguém, porque a dependência ‘enfraquece’ nossa autoestima. O que precisamos mesmo é ter objetivos de vida bastante claros, e saber buscar o equilíbrio entre eles e nosso jeito de ser – porque, se eles estiverem equilibrados, então, todos os ‘Tons de Cinza’ que surgirem na nossa vida serão transformados em uma ‘palheta’ de tintas coloridas que estaremos escolhendo e usando dependendo do que desejamos ‘pintar’ na nossa vida, a cada momento.
Por esses e outros motivos é que a Globalização e o Sentimento de Solidão entre as pessoas (de todas as idades) que se manifestam nas Redes Sociais, tem chamado a minha atenção e me preocupado bastante. A impressão que me fica é que cada pessoa sente necessidade de ‘impor’ aos outros o ‘seu ponto de vista’, o seu jeito de ser’…, para se sentir ‘amada, acolhida, importante…, e só então se sentirá Feliz.
As Redes Sociais nos colocaram, de repente, no Centro do Mundo, não importa onde a gente esteja. E sem qualquer preparo prévio, tirando-nos da pequenez do nosso ‘mundinho’ particular, nos deslumbrando com tantas novidades e, ao mesmo tempo, nos fazendo refletir sobre quão minúsculas são as distâncias em quilômetros que separam as pessoas que estão em qualquer lugar do mundo…, enquanto nos revela a enorme distância que existe entre pessoas que convivem entre si, lado a lado, na vida real e virtual.
E ainda nos despe da Força e do Equilíbrio Emocional que pensávamos ter, para apresentar diante de nossos olhos toda a Fragilidade deste Ser Humano que se deixa tão facilmente ‘escravizar’ pelas novidades da Tecnologia, da Moda, transformando ‘coisas’, ‘objetos, no mais novo “Vício” da humanidade – porque, pelo lado positivo, nos abre um espaço onde temos Vez e Voz para darmos a nossa opinião sobre o que pensamos, sentimos, fazemos, esperamos – e que há bem pouco tempo não tínhamos. Mas também acaba por nos fazer tanto mal quanto uma droga qualquer, tirando-nos da realidade da vida para vivermos presos a uma Vida Virtual, Artificial, uma ‘prisão’ autorizada por nós mesmos.
Porém, neste espaço virtual também é possível ajudar pessoas a tomarem Consciência de sua Responsabilidade sobre o que anda acontecendo não somente na sua casa, com você, seus filhos, amigos, mas na Sua Cidade ou País, no Mundo a sua volta e na Vida particular de cada um – uma vida particular que já não é, assim, tão particular, por uma opção exclusivamente nossa – que possibilitamos isso.
Esses encontros e reencontros que acontecem na Internet, aparentemente deveriam acabar com o sentimento de Solidão, de Frustração, de falta de amor e carinho das pessoas, tornando-as mais felizes, mais responsáveis, menos isoladas, deprimidas e evoluindo para uma Consciência Coletiva de Solidariedade, Caridade, em lugar de permanecer ‘fechadas’ e se sentindo sozinhas – principalmente quando vêm seus amigos e amigas com mais de 500, mil, milhares de ‘amigos’ em seus perfis (enquanto outras, mal chegam a 20 ou 30 amigos). Se prestarem atenção, vão perceber que seus amigos que têm tantas amizades, na verdade estão emocionalmente bem piores do que quem se restringe a quantidades menores de amizades, dando prioridade à qualidade das amizades que aceitam e não à quantidade. Porque essa multidão de amigos acaba se ‘volatizando’ na internet, impossibilitando a criação de ‘laços afetivos’ verdadeiros, pois mal têm tempo de ler, curtir ou comentar algumas postagens apenas. Em consequência disso, pessoas que têm amigos demais ficam frustradas, agressivas, e bem mais ‘isoladas’ no meio da multidão de seus novos amigos – passando a reclamar deles e com eles, de sua ‘falta de atenção’, chegando a ameaçar publicamente de ‘deletá-los’ de seu perfil – uma atitude que demonstra total imaturidade emocional, adequada numa pessoa adolescente, mas não em adultos.
Por quê tal incoerência? Por quê, quanto mais amizades as pessoas fazem…, mais estão se sentindo sós, abandonadas mesmo…, criando em seu interior a sensação de ‘não ser capaz’ de despertar a simpatia, o carinho, ou mesmo a atenção das outras pessoas a sua volta pelo que diz ou faz – ou, quem sabe, pensam até que não merecem essa atenção?
Percebo que tais sentimentos estão gerando na grande maioria dessas pessoas (independente da idade, classe social ou nível de estudo), um forte e profundo estímulo emocional negativo, o que aumenta o número de pessoas apresentando sintomas de Depressão, conforme o exemplo do depoimento que citei no início desse texto.
Por que assistimos, neste século, tantas pessoas carentes e inseguras de suas capacidades?
Por que tantas pessoas se expõem tanto, demonstrando, por palavras e atitudes, tanta ‘carência’ de afetos verdadeiros, como que ‘pedindo socorro’ e um pouco de aconchego? Será isso fruto da vida que levamos agora? Sim, porque antes não se via isso na mesma proporção que vemos hoje. Talvez por isso, por se sentirem assim, acabam participando das Redes Sociais, quem sabe esperando que, em algum momento alguém se disponha a lhes dar a atenção que buscam.
E por necessidade de ‘atenção’ e carinho, algumas pessoas escolhem ‘caminhos’ perigosos na internet, exibindo-se em ‘poses’ e trajes não muito convencionais que acabam chamando a atenção de pessoas que poderão lhes trazer problemas, em vez de ‘soluções’. Nesse ‘Vale Tudo’ para atrair a atenção de alguém, mesmo que seja somente por alguns momentos, nos quais essas pessoas se sentem ‘poderosas’, o final nunca é ‘Feliz’. Mesmo assim, elas assumem que “não vivem mais uma vida real, e que sem a internet não saberiam mais viver”. Algumas dessas garotas nem conheceram ainda o mundo e afirmam que “não saberiam mais viver sem a internet”. Muito perigoso este pensamento!!
É realmente desesperador ver como as pessoas se sentem carentes, inseguras de suas capacidades! Carentes de ‘se fazer notar’, de ter seu espaço na ‘vitrine’ da vida. Será que não percebem que esse ‘espaço’, esse ‘lugar’ a gente conquista é na Vida Real e com muito trabalho, estudo, dedicação – ele ‘não cai do céu’. Esta atitude de ‘deixar de lado o convívio da vida real dando ‘preferência’ a uma vida ‘fictícia’ não é normal. Quanto mais se afastam da realidade, criando vidas e experiências ‘vicárias’, menos são capazes de olhar para si mesmas como verdadeiramente são, de se descobrirem capazes de muito mais do que a internet oferece – como, por exemplo, terem objetivos de vida que as ajude a construir um Futuro de maior Felicidade e Realização.
A maior tristeza que sinto no ambiente virtual é ver pessoas lindas, por fora e por dentro, em todas as idades, com muitas coisas a ensinar e aprender com as outras com quem se relacionam, tendo em si tantas qualidades…, e praticamente ‘mendigarem’ a atenção daqueles de quem são amigos, chegando a ter atitudes agressivas quando não recebem a atenção que acham que merecem. Ou fingirem uma felicidade que estão longe de sentir.
Será que o nível de ansiedade das pessoas, hoje, não lhes deixa perceber o quanto tal atitude constrange e afasta ainda mais as pessoas que estão a sua volta? E o quanto faz mal a si mesmas?
Meu avô dizia que “não se pega ‘mosca’ com Vinagre, mas sim, com Açúcar”, mostrando que “não é brigando, discutindo, ameaçando as pessoas que conseguimos que elas se aproximem de nós – muito menos que queiram estar na nossa companhia.
Acredito que, o que de melhor nos ensinam os espaços virtuais e, neles, as relações virtuais, é que devemos, em primeiríssimo lugar, respeitar o jeito de ser, de sentir, de pensar e de agir de cada novo contato que fazemos e buscar conhecer melhor cada pessoa com quem nos relacionamos, antes de criticá-las ou ameaçar deletá-las.
A geração que era ‘pré’ e ‘adolescente’ nos anos 60, foi uma geração “Agente e Construtora de Mudanças, protagonista e precursora de muitas mudanças e conquistas ocorridas em sua época, e talvez isso nos tenha preparado para nos sentirmos mais fortes e equilibradas neste novo século, principalmente as Mulheres – que não tinham ainda conquistado autonomia e liberdade para serem e fazerem o que achavam importante.
A palavra de ordem era Liberdade. A Moda deixou de seguir um único padrão e se vestir passou a ser uma questão comportamental acima de tudo. Socialmente, buscavam um novo modelo de vida que se afastasse do sistema estabelecido e contestavam tudo: sexualidade, educação, estética, liberdade para as Mulheres para trabalhar ou não, para se casar ou não, abaixo a opressão sobre a necessidade da mulher se apresentar sempre ‘impecável’, como qualquer outro ‘objeto de enfeite’, sem vontade própria. E hoje, em pleno século XXI, os adolescentes dos anos 60 estão presenciando, novamente, a oportunidade de vivenciar mudanças importantes para a Humanidade e para o novo século.
Oportunidade de se criar diferentes maneiras de ver e sentir o mundo, agora globalizado. Então, sabemos que as mudanças são desafios à nossa imaginação, e não ameaças à nossa maneira de ser. O que precisamos é ter humildade para entender que somos, hoje, tão ‘aprendizes’ da Vida quanto éramos na adolescência – apenas sem as inseguranças daquela idade. Temos praticamente TUDO a Aprender dessa nova realidade, como também temos a Obrigação de Ensinar às novas gerações, o muito das experiências que já vivemos e que, de alguma forma, nos permite enxergar para além do que as novas gerações ainda não conseguem perceber.
Talvez por termos passado por tais experiências, estamos tão atentos às angústias das novas gerações de hoje, pois sabemos que o caminho para acabar com tais angústias é o Diálogo, é terem os adolescentes de hoje, pais e professores também atentos ao que fazem, disponibilizando um tempo para ouvi-los e dar-lhes a atenção que necessitam (sem ficarem olhando para o celular). Faz-se urgente deixar as desculpas de falta de tempo, enquanto passam tanto tempo ao celular.
Diante das angústias de um adolescente todo o resto é supérfluo – e nós sabemos disso porque também já fomos adolescentes. O tempo destinado a bater um papo legal com os filhos e/ou alunos adolescentes sobre suas dúvidas e ansiedades, é o melhor investimento que pais e educadores podem fazer, pois o retorno é o maior e melhor de todos – é a única garantia de darem um Futuro tranquilo a si mesmos – com filhos e alunos equilibrados.
Afinal, só sobrevive e é feliz nesta vida quem melhor consegue se adaptar às novas situações.
Angela Alem
Muitos Parabéns, minha querida Angela Alem, por mais este excelente texto sobre as Redes Sociais e o impacto que pode ter em algumas Pessoas, psicológicamente mais débeis.
A sua experiência profissional e conhecimentos profundos sobre estes comportamentos, estou convicto que ajudarão muitos internautas das Redes Sociais a refletir no conteúdo deste excelente texto.
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Obrigada por seu comentário, meu querido Alfredo. Minha intenção neste texto é exatamente esta – ajudar as pessoas, tanto adolescentes quanto adultos carentes, a rever suas atitudes frente a este mundo que hoje se apresenta, por um lado, tão ‘aberto’ a novas possibilidades, porém, pelo lado errado dos Valores Humanos – incluindo o acesso ao consumismo desmedido, e cada dia maior – e, por outro lado, cada dia um mundo mais ‘fechado’ ao que significa Ser Único, à busca de uma autonomia e equilíbrio emocional que ensine a diferença entre o que é melhor para cada um, deixando de lado sua própria personalidade para assumir o ‘ser igual ao outro’, uma cópia do outro naquilo que o outro tem de Pior e não de Melhor em seus Valores Humanos, repetindo-se, multiplicando-se – na Moda, na Superficialidade, na Irresponsabilidade,, na Agressividade… Até os que parecem se ‘esforçar’ para assumir sua Personalidade na construção de sua própria história de vida, acaba ‘se nivelando pelo nível mais baixo’ de sentimentos, emoções e atitudes sociais…, apenas para se sentir FAZENDO PARTE de um GRUPO. Parece que hoje, o mais importante é ‘fazer parte de grupos’, quanto mais, melhor, sem qualquer análise prévia, sem se questionar se tal grupo irá ajudar a pessoa a Ser Melhor para si mesma e para a Sociedade em geral. Em lugar dos adultos ajudarem adolescentes a amadurecer e saber fazer suas escolhas de forma Consciente sobre o que é melhor para eles, os adultos estão se ‘infantilizando’ e fazendo mal a si mesmos e aos adolescentes, ensinando-os com ‘exemplos negativos’ sobre ‘a responsabilidade de participar, de pertencer a um Grupo!!! Os Adultos de hoje, em sua maioria estão ‘desconstruindo’ Valores Humanos que mostram ser importantes para a Sociedade viver em harmonia. E depois reclamam do comportamento dessa nova geração…, confirmando a frase “A geração que nos educa é exatamente aquela que nos critica’. (Angela Alem)
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